“Uma parte dela está desesperadamente viva em mim,e uma parte de mim está para sempre morta com ela”.
26.304 horas .1096 dias. 3 anos. Apenas números por que parece que foi hoje. Falar da morte de alguém que nos amamos é muito difícil, não importa quanto tempo passe. Falar da morte da mãe e tão, par de impossível. Mas depois de três anos, refletindo sobre o buraco infinito que ficou dentro de mim, vejo que aprendi algumas coisas. E agora quero compartilhar com vocês.
Aprendi que o tempo não cura nada e para cada pessoa o processo de luto é diferente. Sim, eu sei que o luto passa por aquelas famosas cinco fases (Negação, raiva, barganha, depressão e aceitação). Mas não importa em que fase eu esteja , ela não tem uma ordem , não é linear e muito menos um tem tempo de duração de cada fase.
Aprendi que as pessoas que amamos são tiradas de nós sem qualquer explicação. A morte não pede licença e muito menos autorização. Ela chega de repente e não te pergunta se você viveu tempo suficiente e aproveitou esse tempo. Aliás, nenhum tempo é suficiente para passar com quem amamos, precisaríamos da eternidade para isso.
Aprendi que palavras de consolo como : você vai ficar bem, ou Um dia você vai se lembrar e sentir apenas saudades, sem dor, são cruéis e nunca devem ser ditas. Impossível não sentir dor quando você se lembra de alguém que já morreu. A saudade sempre estará, assim como a dor, o que irá mudar é o tamanho da dor.
Aprendi que eu posso me permitir sofrer por que ela se foi e negar meus sentimentos é uma das formas mais masoquistas de me machucar. E ninguém tem nada a ver com isso, assim como ninguém tem nada a ver com quanta noites eu ainda choro com saudades.
Aprendi que as pessoas em geral não tem paciência com o enlutado. Eles querem que você reaja o mais rápido possível e siga a sua vida. Mas eu descobri que viver o luto é seguir a vida e que não posso negar o que sinto só por ué alguém não consegue lidar com a minha dor.
Aprendi que devo continuar vivendo a minha vida. Que devo perdoar por ela ter me deixado, mas principalmente, me perdoar por ter sobrevivido. Aprendi que ela partir não foi uma escolha dela e portanto, no fundo mesmo, não há nada a ser perdoado, eu preciso apenas aceitar a morte como parte da vida.
Aprendi que não devo parar de amar e cuidar das pessoas que ficaram. Isso seria injusto comigo e com quem ficou também. Meu pai e minhas irmã precisam de mim e ama-los é uma forma, talvez a única forma de honrar a morte da minha mãe.
Aprendi que o tempo é curto, que sou uma mortal e que devo sempre, aproveitar a vida da melhor forma. Seria um pecado se minha mãe descobrisse que não estou vivendo como ela sonhou e desejou que fosse minha vida.
Aprendi que preciso de ajuda e que não tem problema nenhum eu ficar quase todas as sessões de terapia falando dela, e que não tem relação problema se eu ainda não consigo falar dela fora da terapia , ou se não consigo ver fotos e vídeos da minha mãe ainda. Aprendi que respeitar o meu tempo é a melhor forma de ser curada.
Aprendi que posso ficar sozinha e me recolher na dor. Mas que no dia seguinte terei que levantar a cabeça e seguir adiante. O mundo não para para a gente se curar e que tudo bem, eu posso ter dias de altos e baixos.
Aprendi que nunca devo esquecer os conselhos da minha mãe e que existem momentos que preciso dos seus conselhos e como ela não está mais aqui, posso pedir para outra pessoa. Ela não vai ficar ofendida e o conselho não será o mesmo, mas tudo bem também. Cada pessoa pode me ajudar eu só preciso me abrir .
Aprendi que a vida é breve, que sou mais frágil que imaginei e que não existe dor maior que perder sua mãe (ou se pai ). Aprendi que não quero ter memórias dela, quero ter a minha mãe comigo. E não me importa quantas vezes alguém me fale que isso não é possível mais, eu continuo querendo.
Aprendi que eu posso ainda me divertir, sorrir novamente e que isso não é denegrir ou esquecer a minha mãe. Aprendi que devo lutar contra meus desejos de me boicotar e que não preciso ficar triste o tempo todo para eu saber que eu sinto a falta dela e que ainda me dói a sua morte.
Aprendi que minha vida nunca mais será da mesma forma, e que nada será igual. Mas isso não significa que será ruim. Será doloroso e sempre sentirei a falta dela, mas eu posso e devo me permitir viver a vida da forma como ela viveu: intensa, feliz e sempre cuidando do outro.
Aprendi que apesar de ser psicóloga, não sei lidar com a dor sozinha. Que preciso de terapia e que tudo bem ficar deprimida. Sou humana e irei fraquejar em varias momentos. Mas tenho que aceitar ajuda e virar paciente, para lidar com a minha perda como qualquer outro ser humano.
Aprendi que a saudade é dolorosa, que amar inclui perder , que amor igual ao da minha mãe eu nunca mais terei. Mas aprendi que tenho outros amores ( pai e irmãs) e que eu perdi minha mãe, mas não a minha família.
Aprendi que apesar das dores, das lágrimas, da raiva, a vida continua...e a única coisa eu posso fazer é continuar vivendo. Até o dia que nos encontraremos de novo. Pois isso é o que minha mãe faria, desistir não era uma palavra em seu vocabulário, e eu espero que todos os ensinamentos que ela me passou, o viver com intensidade, sem desistir, apesar de tudo, seja o mais forte na minha vida.
Te amo, mãe. Ontem, hoje e sempre.
Debora Oliveira
Psicóloga clínica
Eu me sinto muito só,pq meu pai num tá neim aiii,pra me,na vdd foi sempre eu é minha mãe,que agora se mudou pra casa de Deus,tem hora que persso em tira minha vida pra acaba essa dor,fui embora pra outro país,aquii me sinto mais só,mais tento ficar forte,muitas situação que passo até hoje os concelhos da minha mãe,estão me ajudando chegar até aquii
ResponderExcluirBjs até logo
ResponderExcluirDebora, esse texto poderia conter a minha assinatura. Você descreveu exatamente como estou me sentindo. Dia 10 fará 4 meses sem a minha melhor amiga e tá doendo muito ainda... Que Deus nos conforte! E, sigamos em frente. É nossa homenagem a elas.
ResponderExcluirObrigada, seu texto traduziu exatamente o que sinto.
ResponderExcluirVou compartilhar com as pessoas da minha família, nos ajudará muito.
Obrigada, sinta-se abraçada
Boa noite.me chamo flavio perdi a minha mae a 10 dias.estou desesperado e horrivel,muita angustia e dor.alterno choro e ira.fico com raiva,pois quando cheguei na upa onde era pra ter pessoas rapidas e eficiente ha sim pessoas despreparadas e ineficientes.minha mae chegou mal,porem a moca tentou verificar sua pressao por 3 vezes seguidas ao inves de entra direto pra energencia;alem disso teve que prencher uma ficha com ela quase morrendo inadmissivel;pois se tivesse entrado direto poderia esta viva ou nao....o que me consola foi que ela nao sofreu tanto logo faleceu e que deus sabe de todas as coisas pois se fosse pra ela viver ela teria vivido.enfim ficou um vazio enorme cuido da minha mae a muitos anos junto com meu irmao e prima ....ja passamos por muitas situacoes como cirurgias,avc etc...ele sempre foi muito forte sempre ia ao hospital e voltava so que dessa vez nao voltou...nao tenho mais vontade de viver perdi quem eu nao me preparei pra perder e quem eu jamais queria perder minha mae estou muito acostumado a dar banho pentear seus cabelos dar almoco ,cobrir quando deita.leva-la ao banheiro de noite ....muito ruim vida filha da puta tirar minha mae de mim
ResponderExcluirTem uma semana e meia q a minha se foi ,os 3 primeiros dias depois de sua morte eu nao me lembro de nada, parece q perdi esses 3 dias, tava dopado seilá... é muito doloroso ter q passar o dia todo tentando ser forte..
ExcluirObrigada pelo texto. Faz 1 ano que minha mãe e melhor amiga se foi. São 03:31 da manhã e tô em mais uma crise de choro. Era só eu e ela, nunca esteve tão difícil. As lembranças doem, o hospital, ver a única pessoa que te ama de verdade na sua vida ir embora é a pior sensação do mundo. Espero q um dia diminua essa dor.
ResponderExcluirIncrível! Descreveu exatamente o que eu sinto. Posso compartilhar?
ResponderExcluirEsse texto me fez derramar em lágrimas. No dia 30/03/2017 minha mãe, minha amiga saiu pela porta de casa para o hospital e nunca mais voltou. O por quê sempre vai nos afligir, mas eu tento me consolar dizendo q foi o tempo dela, o seu descanso.sua falta nas horas mais difíceis de minha vida, suas palavras, seu amor gigante são imensuráveis.que Deus console a todos q como eu perdeu um pedaço de si.
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