O cientista do comportamento Nicolas
Gueguen, da Universidade da Bretanha do Sul, na França, testou como uma pessoa
poderia obter mais facilmente o que quer. O resultado aponta que tem uma frase
simples que apela na psicologia do ser humano.
“Você provavelmente vai recusar, mas
…”
320 homens e 320 mulheres de
aproximadamente 30 a 55 anos de idade foram recrutados nas ruas de duas cidades
na costa sul da Bretanha para participar do estudo. Os voluntários foram parados e os
pesquisadores solicitaram dinheiro para uma organização de caridade que atuava
na saúde de crianças. Na condição experimental, as pessoas ouviram a frase
“Você provavelmente vai recusar”, e então foram convidadas a fazer uma doação.
Na condição de controle, os participantes apenas ouviram o pedido de dinheiro.
Os resultados mostraram que mais
participantes cumpriram o pedido na condição experimental (cerca de 39% das
pessoas, versus 25% na condição de controle).A teoria da reatância foi usada para explicar o fenômeno.
Estudos anteriores já haviam demonstrado que a sensação de que alguém é livre
para cumprir ou não um pedido é um requisito para obter conformidade.
Teoria da Reatância
Reatância psicológica é uma teoria da psicologia que busca
explicar a resistência à persuasão criada por Jack Brehm. A teoria fornece o
que é provavelmente a mais conhecida explicação motivacional de resistência à
persuasão. Esta teoria afirma que quando os indivíduos percebem sua liberdade,
para assumir ou não, algum comportamento, ameaçada ou eliminada, eles
experimentam a reatância, que vem a ser um estado de incitação motivacional que
os leva a tentar restabelecer sua liberdade ameaçada ou perdida. Em relação a
persuasão, afirma que as pessoas querem se sentir livres para adotar posições
particulares sobre os assuntos, ou não adotar nenhuma posição. Sob determinadas
condições, as mensagens persuasivas que tentam influenciar os receptores a
adotar determinadas posições particulares, podem ser percebidas como
ameaçadoras a liberdade de escolha de atitudes individual. Além disso, quanto
maior a importância da liberdade de atitudes que é ameaçada e quanto maior a
pressão coercitiva exercida sobre o indivíduo para assumir uma posição
determinada, maior será a magnitude da resposta de reatância experimentada.
Assim a teoria prediz que quando as pessoas recebem mensagens persuasivas que
elas interpretam como ameaças a sua liberdade de atitudes, elas tentam
reafirmar sua liberdade mantendo suas posições iniciais, ou de maneira mais
provocativa, mudando suas opiniões e atitudes em uma direção oposta a posição
defendida na mensagem, uma troca denominada efeito bumerangue.
Tais atitudes induzidas por reatância devem ser mantidas com
o passar do tempo, a menos que as ameaças a liberdade de atitudes sejam
removidas. Se tais ameaças são eliminadas, as pessoas podem ser mais favoráveis
a posição de uma mensagem. Há quatro elementos importantes para a teoria de
reatância: liberdade percebida, ameaça à liberdade, a reatância e a restauração
da liberdade. Liberdade não é uma consideração abstrata, mas sim um sentimento
associado a comportamentos reais, incluindo ações, emoções e atitudes.
Ou seja...
Quando alguém diz que você vai provavelmente recusar algo, é
como se estivesse tirando seu senso de liberdade. Para recuperá-lo, a pessoa se
torna mais propensa a fazer exatamente o que alguém disse que ela iria recusar.
Também, qualquer ameaça à autoimagem das pessoas é uma boa
técnica para ajudar a reduzir sua resistência.
Esse tipo de manipulação funciona com outras frases também,
como “Não se sinta obrigado, mas…” ou “Você é livre para aceitar ou recusar” e
“Faça como desejar, mas…”.
Você pode ler o artigo de Nicolas Gueguen sobre o estudo : Clique aqui
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