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Mais de 100 milhões de adultos nos Estados Unidos são solteiros, e a ciência sabe muito pouco sobre eles, diz uma psicóloga especialista no assunto. |
Os estudos sobre os solteiros são extremamente falhos, diz
Bella DePaulo, autora de Singled Out: How Singles Are Stereotyped, Stigmatized
and Ignored, and Still Live Happily Ever After (Discriminados: Como os
Solteiros são Estereotipados, Estigmatizados e Ignorados, e Ainda Vivem Felizes
para Sempre) (Editora St. Martin’s Griffin, 2007).
A maioria das pesquisas sobre as diferenças entre casados e
solteiros está extremamente equivocada. Mais de 100 milhões de adultos nos Estados Unidos são
solteiros, e a ciência sabe muito pouco sobre eles, diz uma psicóloga
especialista no assunto.
Os estudos sobre os solteiros são extremamente falhos, diz
Bella DePaulo, autora de Singled Out: How Singles Are Stereotyped, Stigmatized
and Ignored, and Still Live Happily Ever After (Discriminados: Como os
Solteiros são Estereotipados, Estigmatizados e Ignorados, e Ainda Vivem Felizes
para Sempre) (Editora St. Martin’s Griffin, 2007).
Ela chama a atenção para o fato de que a maioria dos estudos
indica que as pessoas casadas são mais felizes e saudáveis. Segundo ela, o
problema é comparar dois grupos que podem ter sido muito diferentes antes da
decisão de se casar ou não, disse.
E esses estudos colocam as pessoas solteiras em desvantagem
ao misturar as que nunca se casaram com as que ficaram solteiras devido ao divórcio
e à viuvez.
“Existem muitas falsas crenças sobre as pessoas solteiras e
a vida de solteiro”, DePaulo disse ao site “Live Science” antes de uma palestra
no início de agosto, durante o encontro anual da Associação Americana de
Psicologia, em Denver (EUA). E essas falsas crenças são “às vezes apresentadas
como sendo baseadas em pesquisas”.
Solteirice nos EUA
Existem cerca de 107 milhões de pessoas solteiras acima de
18 anos nos Estados Unidos, incluindo 93 milhões que não estão morando com
outra pessoa, disse DePaulo.
Cerca de 63% dessas pessoas nunca foram casadas. O grupo de
pessoas que nunca se casou está crescendo, independentemente dos segmentos: uma
pesquisa do Pew Research Center, por exemplo, revelou que, até 2012, quando os
dados foram coletados, cerca de 20% dos adultos acima de 25 anos nunca haviam
se casado, comparados com apenas 9% na mesma faixa etária em 1960.
Com o casamento acontecendo cada vez mais tarde, as pessoas
têm passado a maior parte do início da vida adulta solteiras. Dados do censo
dos EUA mostram que a idade média do primeiro casamento é de 29 anos para os
homens e 27 para as mulheres. Em 1960, as mulheres se casavam aos 20 anos, em
média, e os homens, aos 23.
O foco cultural, disse DePaulo, ainda está firmemente
ancorado em se casar. Tudo, desde comédias românticas até os benefícios do
governo, incentiva a caminhada até o altar. Mas as oportunidades econômicas
para as mulheres e o maior foco em forjar caminhos individuais rumo à
felicidade se traduzem em mais chances de permanecer solteiro por escolha,
disse a psicóloga.
“Precisamos abrir espaço para a possibilidade de que, para algumas
pessoas, a vida de solteiro é a melhor vida”, acrescentou.
A ciência de ser solteiro
Essa afirmação parece ficar perdida diante da maior parte da
literatura de psicologia disponível. O casamento e a coabitação de longo prazo
estão associados com benefícios para a saúde, como a sobrevivência depois de
uma cirurgia cardíaca e menores níveis de estresse e depressão.
O problema é que os estudos que comparam pessoas casadas e
solteiras não podem designar aleatoriamente pessoas com tendência ao casamento
ou à solteirice; é totalmente possível que o tipo de pessoa que se casa seja
apenas diferente do tipo que não se casa.
Outro problema, segundo DePaulo, é que os estudos
normalmente comparam pessoas atualmente casadas com as atualmente solteiras.
Mas as solteiras podem ter sido casadas anteriormente, e depois se divorciado
ou enviuvado. Um viúvo pode ser muito diferente de alguém divorciado, e ambos
muito diferentes daqueles indivíduos que nunca se casaram.
No entanto, as pesquisas misturam todos esses grupos sob o
guarda-chuva de “solteiros”.
Alguns estudos que monitoram as mesmas pessoas ao longo do
tempo revelam que, quando as pessoas saem da condição de não casadas para o
status de casadas ou passam a morar com alguém, nota-se um ligeiro aumento da felicidade
— mas esse efeito lua-de-mel acaba rápido.
Essas pessoas também podem apresentar uma melhora da saúde,
possivelmente ligada aos benefícios do casamento, como ter direito ao plano de
saúde do cônjuge, segundo um estudo publicado em 2012. Esse mesmo estudo
revelou, no entanto, que as pessoas solteiras mantêm laços sociais mais
diversos, disse DePaulo.
“Parece que são as pessoas solteiras que, de maneiras
importantes, estão nos mantendo juntos”, disse. Os solteiros também fazem mais
trabalhos voluntários, e os filhos solteiros têm mais probabilidade de cuidar
dos pais idosos do que os casados.
DePaulo agora está interessada em estudar os “solteiros de
coração”, um grupo de pessoas que estão felizes solteiras e porque querem. A
pesquisadora está desenvolvendo uma escala psicológica para identificar pessoas
que se sentem dessa forma.
Pesquisas preliminares sugerem que existem alguns benefícios
importantes para a solteirice. Por exemplo, pessoas com uma alta pontuação no
desejo de passar tempo sozinhas têm menos propensão de ser neuróticas e maior
probabilidade de ter uma mente aberta, do que aquelas que preferem estar
rodeadas por outras pessoas.
Os solteiros também desenvolvem um portfólio diverso de
habilidades — não podem depender de um parceiro para fazer o imposto de renda
ou preparar o jantar —, o que lhes pode dar uma sensação de domínio sobre a
própria vida, disse de DePaulo.
“O que acho que realmente precisamos é descobrir mais sobre
o que é importante para as pessoas solteiras, como é a vida delas, o que
valorizam — e isso nos dá um quadro muito mais completo e justo das diferentes
maneiras de viver a vida”, disse.
O artigo original foi publicado no Life Science
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